Projetos

Descrição: Há um paradoxo na saúde pública brasileira em que se pode identificar dois padrões de problemas de saúde, ambos associados à problemas de distribuição de renda em algumas regiões do país, que apresentam demandas completamente distintas em termos de políticas públicas e aplicação de recursos, assim como a atração de verbas para prevenção, diagnóstico e tratamento. Geograficamente, os estados localizados ao sul e sudeste do Brasil apresentam uma maior incidência de doenças crônicas, que constituem as principais causas de morte (72%) e incapacitação, com destaque para os quatro grupos de causas de morte enfocados pela OMS: cardiovasculares; câncer; respiratórias crônicas; e diabetes. Em paralelo, os estados do norte e nordeste, historicamente regiões de menor IDH, padecem com as doenças negligenciadas, com incidência de 10 casos/10.000 habitantes segundo a OMS.

Tais doenças são causadas por agentes infecciosos ou parasitários, que são característicos de países ou regiões em desenvolvimento e frequentemente endêmicos de populações de baixa renda, sendo responsáveis por grande impacto econômico e social no Brasil. Os métodos tradicionais para o tratamento dessas doenças, crônicas ou negligenciadas, envolvem usualmente tratamento farmacológico, que apresenta problemas como a baixa efetividade; toxicidade; desenvolvimento de resistência ao tratamento ou que demanda de alternativas terapêuticas. Uma estratégia seria a combinação de drogas para o tratamento de doenças com apoio de novas terapias, baseadas na identificação de novos marcadores moleculares com ênfase em moléculas naturais ou sintéticas. Uma forma de melhorar o desempenho farmacoterapêutico é o uso de ferramentas nanotecnológicas que visam reduzir a toxicidade e sobrepor resistência às múltiplas drogas.

Para uma visão mais global da problemática, é necessário não só o desenvolvimento de novos fármacos, mas também de metodologias que permitam a criação de ensaios bioanalíticos para o diagnóstico precoce e a monitorização da terapêutica; além do conhecimento mais aprofundado dos mecanismos moleculares envolvidos em patologias crônicas e negligenciadas de natureza endógena e ou infecciosa que envolvem inflamação, estresse oxidativo, apoptose e autofagia empregando estudos in vitro e modelos animais, que podem ser de grande valia para identificação de novos alvos terapêuticos e para o desenvolvimento de técnicas de diagnóstico mais precisas, bem como validação de protocolos de tratamento com base em estudos moleculares, em especial para as doenças crônicas e negligenciadas. Para obtenção dos objetivos científicos da proposta, em função da sua complexidade, foram associadas competências das Ciências Exatas, Biológicas e Saúde, representadas nesta proposta pelos 27 pesquisadores dos PPGs em Química, Ciências Farmacêuticas; Ciências Bioquímicas; Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia; Microbiologia, Parasitologia e Patologia; Fisiologia e Genética, com as competências de 30 participantes estrangeiros de 27 universidades/institutos dos 5 continentes. Adicionalmente, para cumprir as propostas de internacionalização, são solicitadas 39 bolsas de doutorado sanduíche, 22 missões de pesquisadores da UFPR para o exterior e o recebimento de 21 pesquisadores visitantes para participar de workshops e ministrar disciplinas nas PPGs da UFPR, totalizando com os docentes nacionais, 59,6 % dos pesquisadores ministrando aulas em língua Inglesa.